Durante toda a vida, temos elegido pessoas como modelos, sejam nossos pais, celebridades ou amigos, sempre temos a tendência a nos igualar a alguém. Desde que nos conhecemos como civilização, os padrões de beleza e moda mudam constantemente e, por instinto, tentamos nos adaptar. Mas por que se adaptar a algo que não é você?
Meu nome é Maria Letícia, tenho 16 anos. Estudei boa parte da minha vida entre meninas de cabelos lisos e perfeitos, compridos e cheios de movimento. Sempre tive cabelos encaracolados. Enquanto as mocinhas com quem eu convivia faziam rabos-de-cavalo perfeitos em segundos, para as aulas de educação física, eu sofria com os cachos curtos que se negavam a ficarem todos comprimidos num mesmo elástico de cabelo. Dá-lhe tic-tac, piranhas, tiaras e mais umas mil técnicas pra não ser diferente de todo mundo…
Aquelas fotos com a turma inteira, sempre o mesmo comentário: “nossa, Lê, teu cabelo é tão… diferente, né?”. Dia de chuva: lutava contra o frizz. Dias quentes: lutava pra deixar os fios no lugar. Mas, nas festas com as amigas: elas passando horas pra fazer chapinha e eu ficava pronta em 2 minutos, só passando creme nos cachos.
Eu tenho cachinhos, sim, não uso rabo-de-cavalo porque tenho cabelos curtos, não me importo em ser notada pelo que não tenho em comum com os outros. Cuido, sou vaidosa e considero meus cachos a minha marca registrada, meu orgulhinho! É, a minha verdade que se manifesta na individualidade.
Por muito tempo, me senti diferente, mas nunca pensei em fazer qualquer tipo de alisamento ou coisas do gênero. Já pensei em como seria ser como elas e com o passar do tempo, comecei a entender que ser diferente não era algo que me separasse das pessoas, era uma constatação da minha identidade, da minha peculiaridade, do que me torna especial, do que eu sou. Eu sou cacheada.